A ideia, a princípio, era fazer da banda um portal, um túnel místico para outra dimensão, onde poderíamos enxergar uma nova luz que fundisse literatura e música numa mesma bola de fogo conceitual, dando a nós mais amplitude para dialogar à vontade com nossos mortos favoritos: Marquês de Sade, Herman Melville, Ossip Mandelstam, Franz Kafka, Pier Paolo Pasolini, Cesare Pavese, Jean Genet, Samuel Beckett, Walter Benjamin, Henry Miller, Jack Kerouac, Lou Reed, David Bowie, entre outros personagens ainda mais desafortunados, como Gala Dali e Sylvia Plath, ciganos cujos dentes são trocados no mercado negro das docas por rins vindos do Laos, judeus inocentes na câmara de gás enquanto velhos soturnos bebericam chá na sala ao lado, mulheres que, à noite, tornam-se panteras e engolem cabeças de homens burros, meninas plutônicas por quem um coitado se apaixona debaixo de chuva forte numa boca de fumo.
Poetry Punk: talvez seja o mais próximo de uma impossível definição. Queríamos unir a potência, de um lado, da carga elétrica das cordas do baixo e da guitarra distorcidos ao pontuado nauseante do teclado, numa referência direta às bandas inglesas do “rock operário”, somar a isso o toque brusco e seguro de uma bateria cavalar, com maracas e gaita sobrevoando; e, do outro lado, queríamos letras que refletissem a grandeza de algumas de nossas mais queridas referências intelectual-afetivas – os citados acima, todos, estão de alguma forma em nossas canções – e que, por si próprias, sendo elas, em sua maioria, letras faladas ou recitadas ou cantadas como hino, preenchessem com substância puramente literária as melodias e arranjos. Porque sentimos fortemente que, nas últimas décadas, a música pop, em geral, se esvaziou de substância intelectual, em detrimento do desenvolvimento de um estilo musical mais amplamente difundido. Mas nós queríamos algo que abarcasse tudo, tudo o que amamos e odiamos, o que nos leva às nossas próprias encruzilhadas emocionais, ali queríamos um pouco da ternura truculenta que nos foi emprestada por mentes perturbadas e geniais, com histórias difíceis e quase sempre trágicas.
No folclore judeu, um dybbuk, ou dibbuk, é um espírito humano que, devido aos seus pecados pregressos, vagueia incansavelmente até que encontre refúgio no corpo de uma pessoa viva. Nossa ideia é, portanto, nos apresentarmos como tais corpos, tais canais, tais túneis, tais mares tenebrosos por onde escapar esse caldo humano tão cheio de infortúnios e culpa e uma inteligência selvagem. Então fizemos nosso motel, com nossos hóspedes especiais, e somos uma espécie de serviçais dos gênios. Nos deixamos trespassar por nossos dibuks através das músicas.
credits
released August 31, 2016
Lucas Santiago guitarra e voz
Jhou Rocha baixo e voz
Cassiano Viana bateria e piano / midi
Leonardo Marona voz, maracas, gaita
Rodrigo Piccoli guitarra em Garota Plutônica e Gala Dali
Produzido por Rodrigo Piccoli e Dibuk Motel
Gravado e mixado por Rodrigo Piccoli, em Secretário (RJ), nos dias 30 e 31 de julho/2016
Todas as músicas são da Dibuk Motel (Jhou Rocha, Cassiano Viana, Lucas Santiago)*. Todas as letras são de Leonardo Marona.
*Pasolini é Dibuk Motel e Alex Zek, letra Leo Marona. Kerouac é Dibuk Motel e Alex Zek, letra Leo Marona e Alex Zek.
Agradecimentos: Rodrigo Piccoli, Gustavo Duque, Ana Valvassori, Carolina Reis, Gabrielle Augusto, Renato Marques e Renata Lima (Cobertura 05).
Dedicado a Alex Carrazoni
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Arte da capa Cassiano Viana
Foto Dibuk Motel Renato Marques e Renata Lima (Cobertura 05)
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